quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Graça, não é de graça!

Bonhoeffer em seu livro "Discipulado" (Nachfolge)faz uma veemente oposição a ênfase dada à "justificação pela graça sem obras da lei", afirmando que a graça barata é inimiga mortal de nossa Igreja.

“A nossa luta trava-se hoje em torno da graça preciosa que é um tesouro oculto no campo, por amor do qual o homem sai e vende tudo que tem (...) o chamado de Jesus Cristo, ao ouvir do qual o discípulo larga suas redes e segue (...) o dom pelo qual se tem que orar, a porta a qual se tem que bater.”

Não pretendo fazer aqui uma apologia as obras em lugar da graça, nem tampouco dizer que é preciso tanto uma coisa como outra.
Aliás a questão aqui nem envolve soteriologia, somos salvos sim por que Deus nos amou de tal maneira que entregou seu Filho para morrer em meu favor, para que ao crer fosse salvo.

A questão no Brasil hoje, envolve uma igreja voltada somente para si, uma igreja que só tem enxergado o seu próprio umbigo.
R$ 50,00 para ajudar no sustento de um missionário é muito dinheiro, mas R$ 50.000,00 para se colocar um novo e moderno sistema de som é totalmente viável.
R$ 100,00 para comprar umas 3 cestas básicas para quem tem fome é extremamente complicado, aliais quem lida com isso é a LBV, mas R$ 10.000,00 para o ar condicionado e mais R$ 20.000,00 para cadeiras reclináveis e macias, há sim isso vale a pena!

O que estamos falando é que Jesus nos salvou pela graça e não de graça! Ele pagou um preço e seguir a Jesus tem um preço a si pagar, “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me; pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, mas quem perder a sua vida por amor de mim, acha-la-á.” Mt 16:25-26

Não consigo ver este evangelho de facilidades que tem si pregado nos cultos-Shows da televisão, não consigo ver na igreja primitiva tais atos, ao contrário o que vejo é uma igreja unânime nas doutrinas dos verdadeiros apóstolos e que vendiam suas propriedades e bens e os repartiam por todos, segundo a necessidade de cada um. At. 2:40-44

Como já disse, as obras não devem ser ligadas a salvação, santificação etc, mas elas refletem todas as mudanças que ocorreram no velho homem ao ser impactado pelo chamado de Jesus.

Elas refletem o que está cheio o nosso coração, uma gratidão indescritível pela obra que Deus operou em nós, “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus antes preparou para que andássemos nelas.” Ef. 2:10

E aqui não é somente obra social, é a obra do Reino de Deus, é a obra que é fruto do salvo que goza de uma vida cheia do fruto do Espírito.
A igreja brasileira tem vivido nos últimos tempos uma vida “fútil e desagradável” aos olhos de Deus, pois como afirma Oswald Smith no Clamor do Mundo, “temos feito tudo, menos a única coisa que Jesus nos ordenou, levar o Evangelho da salvação a todo mundo”.

Deus preparou um caminho para que andássemos nele e certamente este caminho não é ficar sentado se deliciando com o conforto de nossas igrejas pós modernas.


A Deus toda glória