quarta-feira, 15 de abril de 2009

Quando o bem se cala, o mal ecoa!

“Julio Severo, um dos ativistas pró-vida e pró-família mais proeminentes do Brasil, fugiu do Brasil para escapar do Ministério Público Federal que está atrás dele depois que uma queixa de “homofobia” foi registrada contra ele por sua cobertura desfavorável da parada gay de 2006, de acordo com Severo”.

Fonte:
http://noticias.gospelmais.com.br/ativista-cristao-julio-severo-foge-do-brasil-para-escapar-de-acusacoes-de-homofobia.html

Recebi com espanto e temor a notícia acima, lendo toda a matéria e o post de Severo em seu blog comecei a me perguntar quem é que está exercendo preconceito? Severo por replicar aquilo que a Bíblia diz a milhares de anos a qual acreditamos ser a Palavra de Deus, ou o Ministério Público Brasileiro, por defender os interesses de um grupo em detrimento de outro sem mesmo que alguma legislação sobre tal “Homofobia” seja aprovada e implantada no Brasil?

O que percebo é que estão querendo criar uma espécie de raça “Ariana” homossexual, onde estes estão acima do bem e do mal e que seus direitos são supremos e preteridos aos demais.

Ninguém aqui está discriminando a pessoa do homossexual, o que está em voga é a prática do homossexualismo que a Bíblia condena e coloca como pecado contra Deus, e por liberdade de expressão e liberdade de credo queremos continuar pregando em nossas igrejas assim como anunciamos todo o restante da palavra de Deus que inclui denuncias de outros tipos de pecados contra Deus, e uma infinidade de bênçãos de uma vida que O agrada também.

Estamos vivendo um momento crucial da cristandade no Brasil, momento onde corremos o risco de sermos cerceados de nossos direitos de culto e liberdade de expressão como cristãos.

Existe um ditado que diz: “Quando o bem se cala, o mal ecoa”, nesta caso se nós nos calarmos como povo de Deus, certamente tudo aquilo que é contrário a Palavra de Deus ecoará em alto e bom tom. Precisamos assim como Severo reclamarmos o direito constitucional de vivermos nosso cristianismo e pronunciá-lo, e não nos calarmos diante das ameaças, sendo “Jeremias” em nossa época, pois para isso fomos chamados, a anunciar o ano aceitável do Senhor!


A Deus toda glória!

sábado, 11 de abril de 2009

“Mediunidade” Protestante

Quando tive a honra de ser professor do Seminário Presbiteriano do Norte (SPN), no Recife, conheci um aluno que nos dias de semana em que ele deveria pregar nas congregações, passava a tarde dormindo ou jogando futebol na quadra. O mesmo era conhecido por se pretender “espiritual” e “renovado”. Intrigados, procuramos saber se ele não estudava as Escrituras e preparava os sermões com antecedência. O mesmo considerou tal expediente muito “carnal”. Ao dormir a tarde toda ou jogar bola, ele acreditava deixar a mente limpa para o Espírito Santo “baixar” com seu recado, de forma pura e cristalina, logo mais à noite...

Devemos reconhecer a força cultural do espiritismo e dos cultos de origem afro-ameríndia, e como eles influenciaram a percepção de espiritualidade de algumas Igrejas protestantes. O Espírito Santo, e os anjos, funcionam como espécies de “orixás evangélicos”, “baixando” sobre pastores e missionários, qual “médium protestante”. Isso sem falar em “profetas”, principalmente, “profetizas”, com suas revelações particulares sobre saúde, família e negócio, tomando o lugar simbólico das benzedeiras do catolicismo popular, das cartomantes e dos pais e mães-de-santo. Há uma forte equivalência simbólica.

Nos cultos, ou se tem os “médiuns”, ou se tem os “artistas”, que lideram o show-da-fé, no centro do palco e das atenções, promovendo o entretenimento.

C.S. Lewis denunciava as gerações que desprezam as outras do passado, supervalorizando o presente (presentismo), o que não somente atenta contra a herança apostólica e o consenso dos fiéis, vivenciado através dos séculos, mas que se pretende ser melhor, restauradora da “pureza” e outras formas de arrogância espiritual, que rompe a unidade mística da “comunhão dos santos”, conforme confessamos nos Credos.

John Stott dizia que o que fazia uma liturgia viva ou morta, fosse ela mais ou menos estruturada (não há liturgia informal, pois o “informal” é, apenas, uma outra forma) é o fato de os fiéis serem convertidos ou não, e acreditarem ou não no que se pronuncia. A entonação, os sentimentos, a fé, fazem a diferença. Foi o mesmo Stott quem disse que “um anglicano carismático não é um pentecostal”.

Somos carismáticos, porque acreditamos que não há Igreja sem o Espírito Santo, e não há presença do Espírito Santos sem carismas. Se Hans Kung disse que uma das marcas do Anglicanismo era a sua aversão a extremismos, alguém também afirmou que “na Igreja Anglicana o Espírito Santo sopra como um gentil cavalheiro”.

Somos uma Igreja que preza dois mil anos de herança litúrgica da Igreja, católica e reformada. Herança que é o conjunto do que foi, nas diversas etapas e lugares, fruto da ação do Espírito Santo nas comunidades de fé. Daí o Livro de Oração Comum – Bíblia pura, ortodoxia pura – ser uma das marcas distintivas do Anglicanismo. Os seus diversos ritos não engessam os crentes, antes o edificam, e podem ser intercalados com orações espontâneas, cantos, declamações, teatro, testemunho, em uma convergência com um presente que não rompe com o passado. Uma das maiores contribuições que a Diocese do Recife está fazendo para a maturidade da Igreja no Brasil é a edição (ora no prelo) do Livro de Oração Comum Brasileiro (LOCb).

Há quem goste de culto batista tradicional, e nós os respeitamos. Quem gosta desse tipo de culto é livre para adorar em uma Igreja batista. Há quem gosta de culto pentecostal “clássico”, e nós os respeitamos. Quem gosta desse tipo de culto é livre para ir, por exemplo, e adorar na Assembléia de Deus. Há quem goste do culto neo(pós) pentecostal, com apóstolos, banhos de descarrego, tirada de encostos e três recolhimentos de ofertas, e nós os respeitamos. Quem gosta desse tipo de culto é livre para ir à Igreja universal, internacional ou mundial. Agora, pelo amor de Deus, deixem o Anglicanismo em paz, com sua liberdade litúrgica, com sua diversidade, sim, mas “com ordem e decência”, com a alegria do Espírito Santo e o LOC na mão. E isso não é “anúncio de missa de sétimo dia”, para se adotar como “um doloroso dever”, mas uma adesão livre, convicta e entusiástica.

Somos uma Igreja sem mediunidade, sem estrelismo e sem showbiz, graças a Deus!

Olinda (PE), 03 de abril de 2009.
Dom Robinson Cavalcanti, ose
Bispo Diocesano